quarta-feira, 9 de agosto de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1902 TRAGÉDIA NO MAR

                                                   “os moços que se entregam ao manejo          
                                                do remo serão a arca de defesa da pátria”
                                                         Frase de Olavo Bilac

1902                     Tragédia no Mar
        Nem sempre a história de um clube pode ser contada somente com as vitórias, as conquistas ou feitos heróicos. O passado acaba por revelar caminhos tortuosos, fatos inesperados que alteram os sentidos iniciais atribuídos ao esporte. As vezes, quando menos se espera, vem uma notícia que abala os ânimos dos integrantes da agremiação ou serve para consolidar sentimentos básicos de pertencimento. Assim foi no mês de maio, quando um grupo de atletas sofreu com uma tempestade repentina na Baía de Guanabara. O acidente poderia ter sido pior já que alguns conseguiram nadar e ser salvos. “Ficou marcada como a pior da história do Vasco: a baleeira “Vascaína”, em uma viagem de lazer até Niterói, vira e o mar agitado engole 4 de seus 13 tripulantes, entre eles o fundador e a época secretário Luiz Jacinto Ferreira de Carvalho”[1].
            A notícia comoveu toda a cidade que passou a acompanhar o resgate dos corpos desaparecidos, contando com a mobilização de atletas de várias agremiações: “tem continuado incessante o trabalho dos sócios do Club Vasco da Gama e outros clubs de regatas procurando os cadáveres dos náufragos”. Pouco depois era realizada uma missa de 7° dia na Igreja da Candelária, recebendo o comparecimento de centenas de pessoas.
            O desastre não teve maiores proporções pois contou com ajuda heroica de dois pescadores que conseguiram trabalhar no resgate dos 9 remadores. Em junho, o clube fazia uma homenagem dando a José Moreno e Antonio Silveira, medalhas de ouro pelo “arrojado comedimento que empreenderam para salvar com abnegado esforço os nove associados que, graças a este ato de heroísmo sobreviveram ao naufrágio da baleeira Vascaína”. A homenagem aconteceu na Associação dos Empregados do Comércio e contou com a presença do Presidente da República[2].
                Poucos antes o clube já havia recebido a triste notícia do falecimento de seu primeiro presidente, Francisco Couto, que retornara ao clube em 1901. A união de atletas, associados e torcedores certamente contribuiu para o clube superar tantas infelicidades em tão pouco tempo. O nosso caminho nunca foi fácil, restava redobrar as energias da família cruzmaltina para retomar o rumo das alegrias que aquele esporte proporcionava.
Neste ano o Conselho Superior de Regatas é renomeado e passa a se chamar Federação Brazileira de Sociedades de Remo (FBSR), quando instituiu o Campeonato Brasileiro de Remo.
Também neste ano era criada a revista de variedades O Malho. Esta publicação será uma fonte valiosa de exposição do remo e um canal permanente de comunicação com o público amante do esporte que apreciará as imagens dos remadores em ação. Com o surgimento dela e outras revistas que aparecem também neste período, o esporte carioca começa a ter uma maior divulgação.
Outra revista criada nesta época e que foi muito importante para a divulgação das atividades náuticas era a Revista da Semana, criada em 1900 e que saía como suplemento do Jornal do Brasil. Nela foi possível conhecer a história do clube que completava 4 anos[3], enfatizando a figura do primeiro presidente, Francisco do Couto (que falecera em maio de 1902), o esforço para comprar os barcos, a divisão do clube em 1901(em que vários associados foram para o Internacional) até o desastre que resultou na morte dos remadores na Baía de Guanabara. A reportagem tem um tom profético pois celebra o clube como algo que marcaria a vida da cidade pela sua popularidade e por sua paixão dos associados: “o Club de Regatas Vasco da Gama começou desde logo pelo devotamento dos seus fundadores e sócios a recomendar-se a simpatia pública, desenvolvendo dia-a-dia o seu valente corpo de remadores e aumentando a sua esquadra de elegantes embarcações construídas de acordo com o que de mais adiantado era possível entre nós conseguido”.
Não é à toa que o clube chegará aos primeiros títulos em 1905 e 1906, se tornado o primeiro bicampeão da cidade e referência para os outros clubes.
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.


[1] Fonte:www.paixaovascao.com.br
[2] Fonte: Gazeta de Noticias, 19 de junho de 1902.
[3] Revista da Semana, 24 de agosto de 1902.

Vasco Revista da Semana 1902

Vasco Revista da Semana 1902



Nenhum comentário:

Postar um comentário