domingo, 13 de agosto de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1903 AMIGOS DO REMO, INIMIGOS DO POVO

                                   ”É incalculável a população que se moveu para os festejos (...) 
                                     a Praia de Botafogo era insuficiente para acomodar o povo”
                                                       Raul Pompéia - escritor

1903          Amigos do Remo, Inimigos do Povo

            A eleição presidencial que deu a vitória a Rodrigues Alves (1902-1906) vai marcar profundamente a vida do Rio de Janeiro, então Capital Federal. Durante o seu governo ele nomeará para prefeito da cidade, Pereira Passos. Os dois iniciaram um processo de grandes mudanças na cidade. Em pouco tempo os dois governantes fazem da região central um verdadeiro canteiro de obras mudando o visual de toda a região.
O conjunto das obras, que ficou conhecido popularmente como “bota-abaixo”, previa o aterramento de boa parte da região do Cais do Porto até o inicio da Avenida Beira-Mar, com a construção de uma grande avenida nos moldes das avenidas parisiense. Para realizar a Avenida Central, o prefeito derrubou dezenas de imóveis, expulsando milhares de pessoas de suas casas. Mas não foram somente os pobres os atingidos. Vários clubes de regatas tiveram suas sedes também derrubadas.
No entanto, a estratégia dos governantes foi socorrer os clubes e dar incentivo para que estes ficassem ao lado delas para a implementação das reformas. Para atrair a simpatia da população que acreditava na Grande Reforma que modernizaria a cidade, os dois se tornaram grandes aliados das atividades das regatas, culminando com a construção do Pavilhão em 1905.
Ao longo dos próximos 20 anos a cidade enfrentaria novas reformas que alterariam o mapa da região das praias e do desmonte de alguns de seus morros: “desapareceram a Praia do Russel na Glória, a Praia da Ajuda onde foram feitos aterros em frente à Cinelândia, a Praia de Santa Luzia que ficava em frente à Igreja de Santa Luzia no Centro da Cidade, a Praia Dom Manuel e Praia do Peixe que ficavam uma de cada lado da Praça 15, bem como a própria praia em frente a Praça 15, que chegava próxima à Rua Primeiro de Março no início da colonização, foi cada vez ficando mais afastada até se tornar cais de barcas, assim desaparecendo do cenário natural. Entre a Praça 15 e Praça Mauá, tudo era faixa de praia e a chamada Prainha ficava onde hoje é a Praça Mauá. Existiram também praias em frente ao bairro da Saúde que chegava até a Rua Sacadura Cabral, assim como a Praia da Gamboa que era local de pescadores, e o Saco ou pequena Enseada do Alferes na mesma área. Estas áreas da Saúde e Gamboa foram aterradas para construção do Porto do Rio de Janeiro no início do século 20”[1].
Clara Malhano, autora do livro sobre São Januário, explica como o nosso clube foi afetado: “as sucessivas conquistas ao mar implicaria no desaparecimento de diversos acidentes físicos e, até mesmo, alguns logradouros públicos. O grande projeto iria prejudicar o estabelecimento do Club de Regatas Vasco da Gama em suas duas extremidades. Por uma delas, as ampliações do Cais do Porto se estenderam por sobre a Ilha das Moças, eliminando uma das possibilidades de sede própria. Por outro, a construção da Avenida Beira-Mar se estenderia por sobre a Travessa Maia, onde o clube mantinha uma garagem de baleieras e outros barcos, eliminando tanto a ponta do Calabouço quanto a do Gelo” ( 2002, p.52-53).
                Mesmo sofrendo com as obras de remodelação do Porto e a criação da Avenida Central, o Vasco procurava olhar com otimismo e comemorava em grande estilo o seu 5° aniversário com uma matinee, exercícios de ginástica, regata íntima e batismo de duas yoles (eram barcos mais modernos, que receberam os nomes de Albatroz e Condor). A compra de yoles foi possível em função do governo federal facilitar na importação destas embarcações do continente europeu .
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.


[1] http://www.riodejaneiroaqui.com/pt/praias-antigas.html

Vasco Revista O Malho 1903

Vasco Revista O Malho 1903


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